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CONVERSAS DE CARRUAGEM

13/07/2014

Por que é que a "NOSSA SENHORA DE ANTIME" vai a Fafe?

Texto e foto do facebook de Ivo Borges
NOSSA SENHORA DE ANTIME 
Associada ao culto, como sempre acontece, conta a tradição de uma imagem da Virgem teria aparecido no monte de S. Jorge, em local disputado pelas duas freguesias limítrofes, Fafe e Antime. Após longa animosidade, as populações das duas localidades chegaram a um acordo: a imagem de Nossa Senhora de Antime ficaria todo o ano na igreja de Antime mas, no dia da sua festa, os homens de Antime viriam traze-la ao limite da paróquia, ao romper da alva. Aí, os de Fafe a levariam para a sua vila, onde a festejariam até ao pôr-do-sol, altura em que a pesadíssima imagem voltaria à sua residência habitual.


Todos os anos, no segundo domingo de Julho o ritual se repete. O ritual da fé imensa, da devoção incontida, da emoção que toma conta do coração de milhares e milhares de romeiros que serpenteiam as estradas e ruas de Antime para Fafe, sob a inclemência do sol escaldante. A procissão, pela sua imponência e sentido de religiosidade, impressiona qualquer pessoa que a ela assista.
Na fronteira entre as freguesias de Fafe e Antime, ponte de S. José, dá-se um dos momentos mais impressionantes da procissão, que fica na memória de quem a ele tem o privilégio de assistir. É o encontro amistoso da imagem de Nossa Senhora de Antime e da imagem de Nossa Senhora das Dores, vinda de Fafe, com as respectivas «comitivas». O momento alto acontece quando as imagens ficam frente a frente e fazem uma pequena vénia uma à outra, em sinal de saudação. O cumprimento das duas imagens, no limite das duas freguesias, é a afirmação de um gesto protocolar de recepção e boas vindas por parte de Fafe à sua convidada de Antime. A partir daí a Senhora é de Fafe. Ainda que por algumas horas.
A romaria em honra de Nossa Senhora de Antime, também designada de Misericórdia ou Sol, assume-se como a maior e mais conhecida das festividades locais, coincidindo nos nossos dias com as grandes Festas da Cidade, no segundo fim-de-semana de Julho. Estudiosos locais têm ligado a importante festa a um culto «culto solar de fecundidade», ligado o primeiro ao paganismo ou ao próprio nome da virgem e o segundo ao ritual de passagem da adolescência para a idade adulta. Nesse sentido, a procissão seria a actualização de um ritual muito antigo praticado pelos rapazes casadoiros, em que o transporte do pesado andor funciona como a verdadeira prova pública da virilidade ou masculinidade dos jovens, que teriam nesse acto, a esperança de viverem a ter um bom casamento.
Sobre toda esta problemática da Senhora de Antime há ainda considerações a fazer. Uma imagem de 1m e 10 de altura, com o menino no braço esquerdo, cumpre dizer que se trata de uma imagem muito antiga (possivelmente gótica, do séc. XIV) de pedra ançã, um tipo de calcário provindo da região de Cantanhede, fácil de trabalhar e, por isso, muito empregue na estátua.

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